26 de set. de 2008

Brasileiro consome 30% de leite sem qualquer inspeção


Calculando por baixo, pelo menos sete bilhões de litros de leite produzidos no Brasil este ano não passaram e nem vão passar por qualquer tipo de inspeção. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estima-se que 20,57 bilhões de leite devem ser inspecionados em 2008, e a produção da bebida já ultrapassou a barreira dos 27 bilhões. No ano passado, apenas 17,89 bilhões de litros de um total superior a 25 bilhões foram fiscalizados.Conforme explica o coordenador-geral de inspeção do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Mapa, Marcius Ribeiro de Freitas, cerca de 16 bilhões de litros encontram-se sob inspeção federal. Segundo ele, a parcela restante, que representa cerca de 30% da produção, não é submetida à inspeções oficiais do Ministério. "Ainda existe o hábito de consumir leite cru, especialmente no Norte e no Nordeste", diz Freitas.Amanhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve divulgar o segundo balanço trimestral do volume de leite captado pelas indústrias do país - referente aos meses de abril, maio e junho -, e pode haver variação na estimativa projetada pelo Mapa. Uma fonte do setor consultada sobre essa informalidade declarada e a que ainda está por vir, comenta que os números carregam milhares de doenças infecciosas prejudiciais à saúde do homem.Se o montante de leite que é bebido hoje sem inspeção e conseqüentemente sem tratamento já é grande, há alguns anos era ainda maior. Carlos Humberto Carvalho, presidente do Conselho Nacional da Indústria de Laticínios, lembra que o índice antigamente era de 50%. "É claro que a indústria gostaria que tudo passasse pela mão dela, principalmente em Minas Gerais e no Sul do País onde a taxa de leite informal supera os 30%", pontua.Ainda de acordo com ele, apesar do setor não ter sentido uma redução relevante do ano passado para este ano do montante de leite inspecionado, existe uma tendência de que essa porcentagem diminua gradativamente ao longo dos próximos anos. "É só a fiscalização aumentar e os impostos diminuirem. Em São Paulo por exemplo o leite pasteurizado tem alíquota zero", explica Carvalho.Em todo o Brasil, a bebida taxada representa um acúmulo de cerca de 20 a 30% do faturamento em impostos. Em alguns produtos derivados do leite mais sofisticados a taxação é superior a 35%.De acordo com os dados do Leite Brasil, no ano corrente houve um aumento da produção de aproximadamente 7.8% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto isso, a captação das indústrias cresceu 21.6%, o que segundo Jorge Rudez, presidente do referente sindicato, aponta para a redução da informalidade em 2008 em relação a 2007.De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a produção de leite é a atividade que possui a maior distribuição de renda às famílias. A maior bacia leiteira está em Minas Gerias, em segundo lugar aparece o Rio Grande do Sul. O Estado ocupa a segunda colocação entre os produtores de lácteos do Brasil, devendo chegar neste ano a 3 bilhões de litros. O consumo de leite entre os gaúchos é de 180 litros/per capita, superior ao do País, que gira em torno de 141 litros. Mas o grau de consumo da bebida, inspecionada ou não, fica ainda abaixo do consumo ideal indicado pela Organização Mundial da Saúde, que é de 217 litros/ano.
Fonte: Gazeta mercantil


Mercado de carne é o menos atingido pela crise financeira internacional

Ao contrário do que tem ocorrido com outros produtos agrícolas, o mercado de carne tem sido pouco afetado pela crise financeira internacional. De acordo com analistas do setor, nem mesmo a valorização do dólar tem influenciado as cotações.De acordo com a Scot Consultoria, enquanto a arroba subiu 23,5% no primeiro semestre, a moeda americana caiu 8,7%. Já neste semestre, a situação é inversa. A cotação da moeda americana teve valorização de 11,4% até a metade de setembro enquanto a arroba do boi gordo caiu 2,8%.Isso ocorre porque o mercado de carne ainda tem sido bastante influenciado pelos fundamentos econômicos (a relação entre oferta e demanda). Assim, é a expectativa de baixa oferta para o ano que vem que condiciona as cotações, que permanecem com tendência de alta.Na avaliação da consultoria MBAgro, além de não haver expectativa de impacto imediato da crise no mercado de carne, uma valorização crescente do dólar poderia beneficiar as exportações. Mais um fator de alta nos preços. Em entrevista ao Agribusiness Online, nesta quarta, dia 24, o consultor de pecuária da MBAgro, César de Castro Alves, ressaltou que há dois lados."A taxa de câmbio mudou de patamar nesses últimos dias. Saímos de próximo de R$ 1,60 para bater R$ 1,80 e até R$ 1,90. Essa condição é melhor para as exportações porque, na conversão da receita, temos mais reais vendendo a mesma quantidade. Mas, por outro lado, esse efeito cambial pode diminuir a capacidade da indústria de conseguir um repasse de preços lá fora", declarou.Alves explicou ainda que o impacto da alta do dólar não foi imediato porque a maior parte dos contratos é de longo prazo. A influência mais a curto prazo ocorreria apenas sobre “negócios pontuais” realizados nesses últimos dias."Normalmente os contratos são de longo prazo e precisaria que esse cenário se mantivesse para ocorrer o efeito sobre a economia real. Agora, na fazenda, para o produtor, essa turbulência deve passar bem a deriva, porque os preços no mercado interno vão continuar a ser formados pelo que é estrutural ao setor. Todo esse evento financeiro tem mais impacto na indústria e no crédito".No caso da indústria, César de Castro Alves afirmou que o setor frigorífico no Brasil é mais dinâmico para lidar com situações como a atual crise financeira internacional. Os que estiverem mais fortes e capitalizados sofrem menos com a turbulência."Vão conseguir driblar via repasse de preços aqui dentro e lá fora. Os que estão em condição menor, pela própria estrutura do mercado, vão continuar sangrando"..César de Castro Alves disse acreditar que o setor pecuário brasileiro passa, atualmente, por um processo de recuperação do rebanho. Mas ressaltou que, apesar do abate de matrizes ter diminuído, essa recomposição dos plantéis ainda é tímida."Como a diferença entre a arroba do boi e a do bezerro ainda é muito grande e o bezerro ainda está muito valorizado em relação ao boi, é difícil que haja uma dinâmica crescente, que leve os produtores a investir".Segundo o analista de pecuária da MBAgro, há um tempo atrás, comprava-se mais de dois bezerros com um boi gordo. Atualmente, está na proporção de dois para um. Com isso, as dificuldades são maiores para quem não promove a chamada recria ou não confina o gado."Ele tem dificuldade em comprar o boi magro. Nesse ano, o bezerro continua subindo, agora caiu um pouquinho. O boi também caiu, mas a diferença ainda é grande. Ou o boi continua subindo ou o bezerro ajuda um pouquinho caindo pra gente ter um estímulo maior para recomposição do rebanho".
Fonte: Canal Rural

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