7 de nov. de 2008


Uruguai quer investir em normas de bem-estar animal

O Uruguai está se adequando às normas elaboradas pelo Código Zoosanitário da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para explorar as vantagens comparativas em bem-estar animal."Precisa trabalhar muito, mas temos áreas muito fortes, de alto nivel, como é o caso da produção na indústria frigorífica, onde há muitos anos se trabalha no bem-estar animal", disse o vice-presidente da OIE, Carlos Correa, após participar do recente Congresso de Bem-Estar Animal, organizado pela OIE. Ele também citou outros pontos fortes da cadeia de carnes, "como o transporte e a produção".Segundo estimativas dos produtores apresentadas no Congresso, o melhor manejo dos animais antes do abate permite aumentar os lucros em quase US$ 30 milhões nos frigoríficos.Do Congresso, realizado no Cairo, também participou o técnico do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), Luis Enrique Castro, como representante do Uruguai. Participaram do evento chefes de serviços sanitários de vários países em desenvolvimento, da Ásia e da América Latina, além de técnicos e oficiais de praticamente todo o mundo.O Código Zoosanitário da OIE conta com cinco capítulos: transporte de animais via marítima, terrestre, aérea, abate para consumo humano e abate com fins profiláticos.Para Correa, o bem-estar animal "veio para ficar" e deve ter "um equilíbrio adequado para que o animal não sofra - e tenha as melhores condições no momento do abate -, mas não deve ser extremo, contrariando a produção nacional e se convertendo em uma barreira não-tarifária".Para a OIE, é importante obter um balanço nas normas de bem-estar animal para que se sustentem em aspectos científicos e é por isso que organizou este seminário e, em 2009, haverá outro na Argentina.Segundo Correa, "essa norma, de qualquer forma, deve considerar a variabilidade que existe nos aspectos éticos, religiosos e de produção, bem como os aspectos sociais que existem em diferentes países". Por isso, para ele, é importante que quando forem realizadas as normas, também sejam vinculadas as melhoras com a sanidade animal. "Não se pode conceber bem-estar animal sem sanidade animal". Para que os países apliquem as normas, estas devem estar harmonizadas, "com critérios transparentes, democráticos e científicos", disse ele. Além disso, precisam estar de acordo com as normas internacionais da OIE, para que não existam regras adicionais desnecessárias que se transformem em uma barreira para o comércio.

Couro movimenta economia, mas exportações em queda ameaçam competitividade do país


Luiz Bittencourt Presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB)

A despeito da indústria brasileira do couro ser uma das atividades mais antigas do País, cujas origens remontam aos idos do século XVII, foi nas últimas duas décadas que o setor curtidor ganhou a musculatura que lhe assegurou a condição de firmar-se como um dos maiores players na competitiva economia globalizada.Tal posição de destaque é resultado de investimentos realizados pela iniciativa privada da ordem de US$ 300 milhões para expandir e modernizar o parque industrial nacional, em consonância com ações de prospecção de mercados internacionais, reforçados a partir de convênios firmados, desde 2000, com a Agência de Promoção de Exportação e Investimentos.Unindo três vertentes - tecnologia de ponta, marketing agressivo e práticas ambientais adequadas -, a indústria brasileira do couro é um dos grandes motores da economia e sua importância pode ser mensurada pela geração de divisas (US$ 2,2 bilhões, no ano passado), de oportunidades de negócios, e de empregos diretos e indiretos.Em todo o período da parceria com a ApexBrasil, o setor agregou, continua e de forma crescente, valor às exportações.A importância da atividade pode ser avaliada pelo PIB que movimenta, da ordem de US$ 3,5 bilhões, pelo número de empregos que gera - ao redor de 50 mil pessoas - e pelo volume de exportações: a despeito das dificuldades que o setor vem enfrentando este ano, os embarques somaram US$ 1,53 bilhão até o mês de setembro. As exportações já posicionam o Brasil como o segundo maior produtor internacional de couros (44,4 milhões de peças) e quarto maior exportador.Demonstrando enorme agilidade, o setor conseguiu identificar, antecipadamente, a queda da demanda de couros pela indústria calçadista - que vem focando suas aquisições para produtos sintéticos, mais competitivos - para redirecionar suas vendas para outros mercados, de maior valor agregado. Assim, hoje mais de 60% do couro bovino é destinado aos segmentos automotivo e de estofamento, segmentos que priorizam o couro como forma de diferenciar e valorizar seus produtos.A despeito da agilidade e criatividade do segmento, é preciso atentar para o movimento de inflexão que o setor vive, reflexo da crise americana que provoca uma recessão no mercado mundial e uma desconfiança que imobiliza os negócios em todos os setores. Nos primeiros nove meses deste ano, as exportações de couro já registram uma diminuição de 6% em receita e uma queda de 22% em volume.Em setembro, as exportações brasileiras contabilizaram US$ 150 milhões, diminuição da ordem de 4% no faturamento ante o mesmo mês do ano passado e uma redução de 4% nas peças embarcadas.Assim, a se manter a média mensal até agora registrada, as metas de vendas externas de couros, em 2008, dificilmente serão alcançadas. A apreciação do real nos nove primeiros meses do ano vem reduzindo significativamente as margens, inviabilizando negócios e tolhendo a competitividade do setor.Esse quadro está sendo agravado pelas incertezas econômicas que se abateram sobre as principais economias, reflexo do mercado consumidor americano, já se alastrando para outros mercados internacionais. O segmento do couro, neste caso, não está imune aos impactos negativos de um eventual recrudescimento da crise econômica.Para contrapor-se a tal cenário, o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), entidade federativa que representa, há 51 anos, as 800 empresas de produção, processamento e comercialização de couro, propõe, medidas urgentes para manter a competitividade do setor.Dentre elas, a imediata agilização no ressarcimento dos créditos retidos nas exportações (especialistas avaliam que em todos os setores do País, devem alcançar cerca de R$ 17 bilhões), a desoneração da produção, a alocação de parte substancial de recursos do Revitaliza (R$ 3 bilhões) para o capital de giro das empresas, e a desburocratização na emissão de certificados sanitários.O CICB entende que somente políticas setoriais efetivas e parcerias entre o setor público e a iniciativa privada podem contribuir para a geração de divisas, riquezas e empregos, principalmente em um ambiente de incertezas econômicas.

















 
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