Definição: Irrigação é colocar água no solo de forma controlada e uniforme em quantidades suficientes para que as plantações existentes possam retirar o total de água que necessitam para atingir o máximo de produtividade.
A Irrigação pode ser de 2 tipos básicos:
Sistemas de irrigação:
Há 2 sistemas básicos de irrigação: Intensivos e Localizados.
Sistemas Intensivos:
Os sistemas intensivos são aqueles que umedecem o total da área cultivada. E portanto exigem uma grande quantidade de água. Podem ser:Irrigação por inundação que é muito recomendada para as plantas hidrófilas e tem os inconvenientes de gastar muita água, exigir solos planos e construções de muretas para conservar a água, retirar a areação do solo, etc.Irrigação por aspersão: é quando se provoca uma chuva artificial na plantação através de inúmeros processos. Desperdiça água, exige pressões de bombas elevadas, requer mais mão de obra, não possibilita trabalhar com águas muito solinizadas, etc.Porem para culturas intensivas normalmente tem um custo de investimento mais barato que outros sistemas.Nesta classe estão incluídos os aspersores normais, as linhas de aspersores móveis, os canhões, os pivos centrais, etc.
Em resumo, os Sistemas de Irrigação Intensivos normalmente exigem um maior consumo de água, sofrem muitas influencias dos ventos e da insolação (evaporação), prejudicam a areação do solo, exigem altas pressões de funcionamento e vazões altas e portanto custos operacionais altos.Em conta partida os investimentos por unidade de área é pequeno, e para grandes áreas o investimento por unidade de área é baixo. Facilitam o manejo das culturas pois os seus encanamentos secundários normalmente são mais espaçados e muitas vezes também móveis.
Sistemas Localizados:
Os sistemas localizados são aqueles que umedecem apenas a área do terreno onde as raízes das plantas atuam. Normalmente propiciam uma economia de água.Irrigação por sulcos: Praticamente igual a por inundação porem as culturas são plantadas em cima de oleiras e a água é colocada nos sulcos feitos entre estas. Existe um grande desperdício de água e prejudica a areação do solo.Irrigação por gotejamento: Onde se faz gotejar na área de atuação das raízes através de orifícios, labirintos, etc uma quantidade de água pré determinada umedecendo o solo apenas nestas regiões. O sistema de gotejamento provoca cones de terra úmida ao seu redor.As pressões usadas são médias pois para que os gotejadores funcionem é necessário uma pressão determinada pelo fabricante.Irrigação por micro aspersores: Onde se usa pequenos aspersores, com vazões mínimas provocando os mesmos cones de terra úmida porem com um raio maior que o dos gotejadores. São ideais para culturas frutíferas e para hortaliças de folhas que necessitam receber água não só pelas raízes como também através de suas folhas. As pressões usadas são médias a altas.Irrigação por tubos ou mangueiras porosos: Forma linhas de terra úmida ao invés de cones o que possibilita um maior desenvolvimento das raízes e um melhor aproveitamento dos sais disponíveis no solo. As pressões usadas são muito baixas.
Princípios de Irrigação e termos mais usados.
O manejo e cálculos de uma irrigação depende do tipo de solo, da quantidade de água, dos ventos da temperatura, das necessidades de cada uma das plantas e do estágio das plantas.A planta precisa continuamente ter a disposição de suas raízes água. Como normalmente o suprimento de água seja através de chuvas seja através de irrigação são intermitentes cabe ao solo armazenar a água e disponibiliza-la para as plantas.A água se armazena no solo ao redor das partículas que formam o solo. Quanto menores forem estas partículas maior será a aderência da água as partículas. Chama-se adsorsão a força de aderência da água as partículas do solo.As raízes extraem a água do solo por força osmótica. Quando a adsorsão fica maior que a força osmótica das raízes a planta não consegue mais retirar a água do solo e murcha. Quando se atinge a igualdade entre estas 2 forças chama-se ponto de murcha.Transpiração é a água que evapora das plantas quando se dá o processo de fotosintese. Depende da espécie de cada planta, do seu estágio de crescimento e do meio ambiente.(ventos, temperatura, umidade relativa do ar, insolação, etc). A noite a planta não consome água.Percolação: é a infiltração da água abaixo do nível onde existem raízes e portanto perda de água por infiltração. Estas águas formarão lençóis freáticos.Evaporação: é a água que evapora da terra devido ao sol, ventos, etc.Evapotranspiração é o total da água que o solo perde durante determinado tempo seja por evaporação, seja pela transpiração das plantas.Capacidade de campo: é a quantidade de água em % do volume total de terra existente no solo em determinado momento. Usa-se também para indicar a máxima quantidade de água que o solo pode absorver. Acima dela a água escorre.Ponto de murchamento é umidade do solo (quantidade de água no solo) cuja força de adesão da água nas partículas do solo (adsorsão) se torna maior do que a força osmótica das raízes.Á gua disponível é a parte de água contida no solo que pode ser utilizada pelas plantas e representam a diferença entre a Capacidade de Campo e o Ponto de Murcha.Nível Estático: É o nível que a água de um poço ou mina fica quando está em repouso.Nível Dinâmico: Nível de um poço ou mina quando está sendo bombeada água para fora.Perda de Carga: É a pressão que é perdida quando um líquido percorre um encanamento, ao passar por juntas e conexões, registros, filtros, etc.
Solos
Capacidade de Campo
Ponto de Murchamento
Água Disponível
Solo Argiloso
35%
18%
17 %
Solo Limoso
18%
9%
9%
Silico Limoso
13%
6%
7%
Areia
6%
2%
7
Com esta tabela teríamos para um ha com solo argiloso e em uma cultura que tivesse suas raízes a uma profundidade de até 50 cm os seguintes dados: Capacidade de campo: 0.50 X 0.35 X 10 000 = 1750 m3 Á gua retida no ponto de murchamento: 0.50 X 0.18 X 10 000 = 900 m3 Á gua disponível = 1750 - 900 = 850 m3 = 0.50 X 0.17 X 10 000 = 850 m³ A quantidade de água disponível no solo influência diretamente nos ciclos de rega. Quanto maior, maior poderá ser o tempo entre regas. Tabela de consumo das plantas: Os dados abaixo se referem exclusivamente ao consumo da planta e não levam em conta a evaporação nem percolação. São dados aproximados. Infelizmente não lembro de onde tirei. Talvez na Internet.
Cultura Consumo em mm
por m² .por dia
Trigo
2.2 a 2.8
Milho
2.8 a 4.0
Aveia
2.9 a 4.0
Batata inglesa
0.7 a 4.1
Alfafa
3.0 a 6.0
Pastagem pobre
2.5 a 5.0
Pastagem exuberante
2.5 a 6.0
Videira
0.8 a 2.3
Fruteiras em Geral
2.0 a 4.0
Plantas Hortícolas
3.0 a 8.0
Cana de Açúcar
2.0 a 8.0
Cafeeiro
1.0 a 2.0
Hidráulica de Irrigação:
Quando vamos fazer uma irrigação vamos sempre ter um problema de hidráulica. O lugar onde vamos coletar a água será sempre diferente de onde vamos querer espalhá-la.Para isto temos que transportar a água e este fato é estudado pela hidráulica.A hidráulica tem leis bastante complexas e aqui não pretendemos discuti-las. Apenas vamos indicar as principais leis e o funcionamento dos principais equipamentos mais usados em irrigações.
Equipamentos:
Canais ou valas: Quando se possui um declive é o meio mais barato de se transportar a água. Ela vai por gravidade e não custa nada. Há vários tipos e modos de se fazer um canal. Desde uma simples vala no chão sem revestimento nenhum até canais de concreto.Encanamentos e tubulações: O investimento é maior. Pode-se usar também a gravidade porem na maioria dos casos é usado em conjunto com bombas. Podem ser de ferro, de plástico, de alumínio e inúmeros outros tipos. Podem ser flexíveis ou rígidos, rosqueados, colados ou com engates rápidos e ter diversas espessuras e diâmetros.Bombas: As melhores bombas para um sistema de irrigação são as centrifugas ou as rotativas pois sua vazão é constante e não intermitente como as de pistão. Existem basicamente 2 tipo de bombas: As de baixa pressão, 1 estágio, que atingem até elevações de 35 mca a 40 mca, e as de alta pressão quando se vai alem destes limites. As de baixa pressão são mais baratas e consomem menos energia.Uma irrigação não pode ficar sujeita a uma quebra de bomba. Sugerimos sempre que a área a irrigar comportar trabalhar com 2 ou 3 bombas. Nos projetos menores deveremos ter 2 bombas trabalhando uma cada dia e nos maiores 3 bombas trabalhando 2 a 2 em paralelo.Sempre que possa tente trabalhar com bombas afogadas ao invés de bombas que succionam água. Gastam menos energia e tem operação mais fácil principalmente na automação.Reservatórios: Muitas vezes a sua fonte de água (riacho, poço, etc) não tem vazão suficiente para alimentar seu sistema de irrigação quando esta operando. Constrói-se então um reservatório que armazenará a água e dará capacidade ao sistema de irrigação quando em operação.Principalmente quando a água é de poço é recomendado ter um reservatório para não trabalhar direto com a bomba do poço na irrigação. Consegue-se maior vazão no poço.Deve-se tomar cuidado com os reservatórios para que estes não formem algas pois estas são prejudiciais aos encanamentos e a maioria dos implementos de irrigação. É importante ou cobri-los ou fazer tratamento neles.Manômetros, reguladores de pressão, odômetros, hidrômetros, etc, São aparelhos dispensáveis mas muito úteis para o bom manejo da irrigação. Não faça economia nisto. Instale-os.
Regras e Leis de Hidráulica:
Fluxo de água: O fluxo de água é sempre medido pelo produto da velocidade da água pela área que a água ocupa em sua vazão. Ou seja a Vazão é igual a velocidade vezes a área.Q = V * A.Velocidade teórica de um liquido é função da diferença de altura entre o inicio e o final da linha e do dobro da aceleração da gravidade (2g). Daí a fórmula:V = Ö 2g X hA velocidade real da água é influenciada pelo atrito do liquido com as paredes do tubo, pelo bocal de entrada no tubo, do comprimento do tubo e de vários outros fatores que fazem resistência ao liquido em seu caminho dentro do tubo.Perda de carga: é a somatória das resistências que a água sofre em seu caminho dentro das tubulações. Existem inúmeras tabelas que mostram as perdas de carga em tubulações.É necessário apenas saber que quanto menor a velocidade menor será a perda de carga. Portanto quanto maiores os diâmetros menor será a perda de carga.A perda de carga não deve ultrapassar 5% a 10% da pressão total.Perda de carga em linha de saídas múltiplas: Normalmente em irrigação há varias saídas de água em um mesmo tubo. Quando isto ocorre temos o seguinte fato:A vazão após uma das saídas de água é menor do que antes da saída. O diâmetro do tubo permaneceu igual portanto a velocidade real diminuiu também. Como o diferencial de altura (pressão) continua o mesmo, então a perda de carga também diminui.Isto é coerente pois ao diminuir a velocidade sabemos que diminuímos os atritos.Nos casos de tubulações com múltiplas saídas calcula-se a perda de carga de traz para frente como se fossem tubulações independentes e depois soma-se todas elas.Em irrigação a variação da perda de carga não deve exceder de 20% entre a primeira e a ultima saída.